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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O povo de Papua-Nova Guiné ainda queima "bruxas"

Por Pedro Pezte - Em Papua-Nova Guiné, 80% de uma população de 7 milhões de pessoas vive em zonas rurais e remotas.  A maioria tem pouco ou quase nenhum acesso à saúde, saneamento básico e educação, vivendo basicamente das coisas que plantam.

“Quando alguém morre, especialmente homens, as pessoas começam a se perguntar ‘Quem está por trás disso?’ e não ‘O que está por trás disso?’”, diz o Dr. Phillip Gibbs, antropólogo, especialista em bruxaria e padre, que mora no país há algum tempo.

A crença na magia negra persiste em Papua-Nova Guiné, onde as comunidades sofrem diante a pressão das expectativas não cumpridas do boom da mineração. As mulheres são culpadas, acusadas de feitiçaria e tidas como bruxas - sofrendo consequências terríveis. No ano passado, uma investigação de dois anos feita pela Comissão de Reforma Constitucional e Direito do país, observou que doenças e mortes precoces são vistas normalmente como obras de bruxaria.

Alguns especialistas dizem que em lugares que ainda possuem essa tradição, as ações se tornaram mais malignas, sádicas e voyeurísticas. Grande parte se dá por uma mistura potente de álcool e drogas, o desespero de uma juventude perdida, a cobrança por rápido desenvolvimento, a chegada da moeda corrente e a agitação da ordem social.

A enfermeira e freira suíça Gaudentia Meier, reside no país há 40 anos cuidando dos nativos. Um dia, no almoço, ouviu crianças correndo e gritando “Eles vão cozinhar a sanguma (feiticeira)!”. A freira de 74 anos já sabia do que se tratava: Mais uma mulher sendo queimada como bruxa. Dois dias antes, ela havia tentado salvar Angela (nome fictício), presa por um grupo de inquisidores que procuravam alguém para culpar pela morte de dois jovens. Eles deixaram Angela nua, vendada e cortaram suas mãos com facões.  As fotos tiradas por uma das testemunhas presentes mostra um público inerte. Entre eles, policiais.

Até os nativos que tiveram uma educação melhor que a dos outros, acreditam de alguma forma em feitiçaria. Mas nas palavras de Alexander Rheeney, editor do jornal Pós Courier, eles vivem sob o medo e opressão causados pelas gangues, que na maioria das ações violentas, estão procurando dar o troco pela morte de outras pessoas.

No dia do ataque a Angela, Gaudentia pediu aos policiais que assistiam, que intervissem. “Por que eles e outros líderes da comunidade não fazem nada?”. Gibbs explica: “Mesmo que eles quisessem, tem pouco poder diante da grande multidão – especialmente quando muitos nela são jovens ligados a gangues, afetados por álcool ou drogas”.

fonte: Ideia Fixa.

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