Tinha tudo para
dar errado, salários atrasados, elenco rachado, técnico desprestigiado, etc. A
nova diretoria apostou em economizar e pagar as dividas da diretoria anterior,
com isso acabou negociando seu principal jogador, Vagner Love foi devolvido
para o CSKA, o elenco começou a ser enxugado e os novos atletas demoraram a
chegar. As contratações foram mais criteriosas, nenhum jogador muito badalado,
dessa forma abriram mão de Riquelme e Robinho, a sensata opção da diretoria
mostra seus resultados.
O técnico
Dorival Jr. foi buscar nas divisões de base e em times menos badalados
jogadores para preencher a equipe, dessa forma apareceram o Rafinha, João Paulo
e a revelação do Bahia, Gabriel. Dessa forma, montou uma equipe rápida, com um
bom toque de bola e mortal nas finalizações. Os jogadores mais antigos estão se
reinventando, o exemplo claro disso é o lateral direito, antes vivia no ataque
e deixava uma avenida atrás dele, nos últimos anos sem o mesmo fôlego de sua
estreia em 2005. O lateral subia e não
conseguia voltar para marcar, quase ele deixou o clube, mas ao que parece o
técnico do Flamengo organizou um esquema em que ele só sobe na boa, hoje é um
lateral à moda europeia, marca mais e sobe apenas na boa.
Outro exemplo é
Ibson, jogando de meia mais avançado, tanto no Santos, quanto no Flamengo do
ano passado, ele não rendeu, aliás poucas foram as vezes que conseguiu render
bem nessa posição. Neste ano, Ibson voltou a ser um segundo volante, que chega
ao ataque e arma ao time vindo de trás. Suas atuações melhoraram muito, ainda
longe do seu melhor momento, mas já demonstra lampejos de um grande jogador,
como no passe espetacular para o Rafinha no clássico contra o Botafogo. O Elias
encaixou muito bem na equipe, deixou o time com um melhor toque de bola e muito
ofensivo, o rubro-negro chega fácil ao ataque, isso faz com que a equipe não
sinta falta de um meia clássico.
Falando em
ataque, Rafinha é um ponta clássico, rápido e destemido, aparece nas duas
pontas, incomoda o tempo todo e sua maior qualidade é não desistir dos lances,
não cai fácil, mesmo no chão, briga pela bola. Ernane é o clássico centroavante
rompedor, sem técnica, sem habilidade, chuta na direção que aponta o nariz. Quando
recebe a bola no meio do campo ou fora área,
ou pisa na bola, ou domina de canela, mas técnica e habilidade não são
recursos essenciais para um grande artilheiro, é só lembrar Dadá Maravilha ou
Nunes, afinal de contas “feio é não fazer gol”.
Talvez esse time
não vença os principais torneios nacionais, mas já no Carioca, será um grande
adversário, mostrou isso contra Vasco e Botafogo, o teste final será o
Fluminense. Mantendo a base e o bom trabalho, contando com um pouco de sorte (por
exemplo, que seus principais jogadores não tenham qualquer tipo de contusão mais
séria) se conseguir isso, estará fácil entre
os cinco primeiros do campeonato e quem sabe, na briga pelo título.