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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

11 capitais não cumprem lei do Piso para professores

fonte: Folha Online
Cinco anos após ser aprovada no Congresso, a lei que fixa condições mínimas aos professores de escolas básicas públicas não é cumprida em 12 das 27 capitais do país. Uma delas não paga o piso salarial e as outras 11 não concedem jornada extraclasse mínima.
A regra determina piso salarial de R$ 1.567 no ensino fundamental e médio (jornada de 40 horas semanais).
Também exige que o docente fique 1/3 do período fora das aulas, para preparação de atividades, por exemplo.
Levantamento da Folha de S. Paulo com secretarias municipais de Educação aponta que em 11 capitais o período extraclasse é inferior ao exigido (Belém, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis, Maceió, Manaus, Natal, Recife, Salvador, São Paulo e Vitória). Em relação ao valor do salário, Macapá paga R$ 1.345 – menos do que o piso, portanto.
A lei visa melhorar condições de trabalho dos docentes em atividade e atrair mais jovens para o magistério.
A maior dificuldade para se cumprir a regra da jornada extraclasse é que ela requer contratação de docentes, pois os professores já em atividade teriam de dar menos aulas.
Segundo a Undime, que representa secretários municipais de Educação, gestores buscam cumprir a regra, mas alegam falta de verbas.
“Todo mundo vai ter de ceder nesse processo”, disse a presidente da Undime, Cleuza Repulho, referindo-se a prefeituras e sindicatos.
SANÇÃO – A lei não prevê sanção automática ao gestor que descumpra a regra. Ao sancionar a norma, o então presidente Lula afirmou que só cabe punição se comprovada a desonestidade do administrador.
Pesquisador da USP em direito administrativo, Gustavo Justino de Oliveira entende que a própria legislação sobre improbidade prevê punição a quem desrespeita lei como a do piso do magistério. Um passo necessário é o pedido do Ministério Público.
Já Carlos Ari Sundfeld, pesquisador da PUC e da FGV, vê como exagerada uma ação de improbidade em casos que não se caracterizem má fé. Diz, porém, que há respaldo legal para que docentes peçam cumprimento da lei.
Resolução do Conselho Nacional de Educação estabeleceu 2015 como prazo final de transição. A regra, porém, não tem força de lei.
Há divergências sobre o alcance da lei do piso. “Atividade intelectual, principalmente como a docência, exige reflexão e preparação”, disse o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara. Já Ilona Becskeházy, consultora em educação, considera ser mais importante a definição de currículo claro para as escolas, melhoria nos materiais e infraestrutura.
(Folha Online)
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Redes municipais dizem que vão se adequar à norma
As capitais que descumprem a lei do magistério dizem buscar a adequação, mas esbarram na falta de recursos.
Única capital que não paga o valor salarial mínimo, a Prefeitura de Macapá diz que o pagamento é compensado com gratificações, que podem aumentar “em até quatro vezes” o salário docente.
A lei do magistério, porém, fixa piso para o salário-base. “Há uma série de penduricalhos [gratificações]. Se formos pagar o piso-base, quebra a prefeitura”, afirmou a secretária de Educação, Antônia Costa Andrade.
A rede paulistana diz que apenas parte dos professores não tem o 1/3 da jornada fora da aula (os com contrato de 30 horas semanais). Mesmo eles, afirma a prefeitura, podem migrar para jornadas que já cumprem o que prevê a lei.
Florianópolis e Belém dizem que, como não conseguem deixar todos os professores 1/3 da jornada fora da sala de aula, pagam gratificações para compensar.
A capital catarinense afirma que os professores dos anos finais do fundamental já estão enquadrados na lei. E que os demais estarão adequados até 2015.
Campo Grande, Maceió, Natal, Recife e Salvador dizem que também estão em processo de adequação.
A Prefeitura de Cuiabá afirma que seu percentual de jornada extraclasse ao menos cumpre lei municipal (20%).
As redes de Manaus e Vitória não explicaram por que descumprem a regra.
O Ministério da Educação afirma reconhecer a dificuldade de implementação da lei, mas diz que não tem o poder de fiscalizar as prefeituras, que têm autonomia.
(Folha Online)

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