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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O Moto de tantas tradições.

Há muito tempo o futebol maranhense está definhando, quase morto, com poucas perspectivas que algo realmente evolua e que volte a ser, pelo menos, lembrado por outras regiões do país. Nesse ínterim, o Moto Club, um dos times mais tradicionais do estado, passou ou ainda passa por uma grande crise, dirigentes aproveitadores e/ou amadores quase acabaram com o clube, restando pouca coisa hoje pra se orgulhar.
O time rubro-negro amargou um rebaixamento vergonhoso para a segunda divisão do campeonato estadual, depois de uma goleada sofrida para o maior rival, e para piorar, teve uma tentativa de virada de mesa frustrada. Mas, conseguiu retornar dentro de campo com muitas dificuldades para a primeira divisão, mas com a imagem ainda muito arranhada e sem o respeito dos seus adversários. A camisa já não pesava mais, times recém-criados como Iape, time de aluguel e sem torcida, simplesmente passavam por cima sem nenhum pudor, a torcida percebeu que seu time estava no buraco, tudo parecia perdido, ninguém tinha coragem para administrar, ou melhor, ninguém tem competência para administrar.
Kleber Pereira, maior jogador do futebol maranhense dos últimos 10 anos ou mais, único jogador desse período, que saiu de clube maranhense para outro grande clube brasileiro e foi campeão nacional e artilheiro da competição, os outros grandes jogadores maranhenses desse período, geralmente tiveram destaque em outras equipes de fora e nunca jogaram por um time local. Kleber representa algo que deu certo, que pode continuar a dar certo, mas para isso, é necessário um mínimo de organização e competência, algo que ainda não temos por aqui.
De qualquer forma, depois de obter sucesso lá fora, ele volta para seu clube de origem, ganhando bem menos do que ganharia em qualquer clube de fora, trazendo com ele, a esperança e a alegria do torcedor motense. Mais de três mil torcedores foram assistir sua estreia no nhozinho Santos, impressionante, como um jogador consegue mexer com os sentimentos do torcedor, cada toque na bola, cada chute, cada passe, uma vibração que vinha de fora para dentro e de dentro para fora do campo.
O torcedor precisa de seu ídolo, o herói, aquele que representa a esperança de uma vitória. Alguém identificado com seu clube de coração, alguém que resgaste aquela famosa frase "jogar por amor ao clube". Todo torcedor é antes de tudo um apaixonado, que nas maiores derrotas, sofre, nas vitórias, vibra. O craque estabelece esse elo de amor ao clube, pois qualquer grande clube do país é associado a um grande jogador ou vice-versa, pois, o que seria do Flamengo sem o Zico? Ou o Santos sem Pelé? Moto Club hoje tem sua referência, seu craque, sua estrela.
Em campo, os adversários já não fazem pouco caso, eles olham e enxergam um craque do outro lado, alguém respeitado e temido, assim o time também passa a ser respeitado e temido. Se resgata os valores e a tradição de um grande clube, que foi tão maltratado e humilhado por seus próprios dirigentes.
Talvez, o time não seja campeão, mas o mais importante nesse momento é devolver a confiança e a esperança para uma torcida, que mesmo em face de tantas provações, não abandonou seu time de coração. Quanto menos se espera, quando todos duvidam, o Moto surpreende.

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