Os alunos do Cem Cidade
Operária I, no dia 09 de abril, organizaram uma manifestação para exigir
direitos básicos, como cadeiras e limpeza do entorno da escola. A escola não
possui grêmio, o que poderia dificultar o movimento, mas alguns líderes de
turma se reuniram e começaram a fazer um abaixo-assinado com essas
reivindicações, fizeram dois, viram que não conseguiriam atingir seus objetivos
e partiram para algo mais "agressivo". Paralisaram a principal
avenida do bairro, chamaram a atenção de vários segmentos da imprensa, a secretaria
de educação se viu forçada a receber os estudantes, coisa que há muito tempo
não se via por aqui. Depois de duas semanas, as cadeiras começaram a chegar, o
mato em torno do colégio foi cortado e o lixo foi recolhido.
Fica uma lição importante para os
professores de São Luís, sempre acorrentados aos desígnios do sindicato,
incapazes de promover um movimento independente, simplesmente por não terem
unidade. A greve, há muito tempo, tornou-se um movimento político do sindicato,
onde os professores ficam apenas esperando o resultado, sem participar diretamente
das negociações. Uma greve, que para muitos, significa uma folga no calendário
ou dependendo do tempo, férias coletiva. Poucos são aqueles que participam
ativamente nas ruas, alguns preferem trabalhar durante a greve para não pagar
carga horária ao final do ano letivo, outros ficam em casa esperando os
acontecimentos.
Dessa forma, ficamos refém das
negociações do sindicato, dependendo das aspirações politicas dos dirigentes, a
greve pode durar dias ou meses, mas dificilmente atenderá aos anseios da
classe. Greve que deveria ser repensada, pois já não contamos mais com o apoio
da população, como dizer que ganhamos tão mal, quando o governo mostrar que
temos o melhor salário entre os professores do Brasil? Não é dizendo que ganhamos
mal, mas exigindo uma equiparação dos três poderes estaduais para acabar com o
abismo salarial entre os professores e os outros servidores desses poderes. Um
servidor do judiciário de nível fundamental pode ganhar mais de três mil reais,
enquanto um professor com mestrado não chega nem perto disso. Esse tipo de
absurdo deveria ser mostrado para a população, que com certeza irá reconhecer a
desvalorização de nossa profissão. Um dia, quem ensina aprende e quem aprende
ensina.
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